sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Desertos que me habitam

Os desertos que me habitam 
diferem-se no grau, no grão molecular. 
Desertos que habitam em alguns são verdejantes, 
suas folhagens vicejantes tapam o céu, esconde o sol. 
Nem todo deserto é areia 
contendo pedras, pó e poeira 
ou caniço a balançar. 
Nem todo deserto é só areia 
pois há também as cordilheiras 
com suas rochas e geleiras 
onde a voz se faz ouvir. 
Desertos que me habitam, para alguns são navegáveis 
profundeza mensurável ou um oceano sem fim. 
Nos habitam, comumente, desertos urbanos 
cheios de gente, 
rotineiro e solitário 
mas inóspito igualmente. 
E há desertos que são noites, 
matéria escura, sem repouso 
verdadeiros calabouços  
pra quem teme adormecer. 
Os desertos que me habitam 
nos habitam a todos nós 
enquanto sopra  
paira a brisa 
que anima a travessia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário