quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Fera

V(o)U_e_L(u)TO
Estava disposto a domar a fera. Era uma questão de vida ou morte. Com todo esse tempo dividindo o mesmo espaço, conhecia bem suas artimanhas, mas, o desconhecido ser provocava-me com sua audácia em atacar a qualquer momento.

Pensara em escrever a algum amigo e pedir socorro. O problema é encontrar um destinatário para a carta. Todavia, passei tempo demais com a fera, enquanto que eles, lá fora, me esperavam. Se eu lhes creditasse antes a atenção que agora suplico, certamente investiriam lugar adentro para procurar por mim. Fariam uma escolta firme, formada por um afetuoso abraço e voaríamos para uma terra branda. A fera não seria problema porque nós seríamos maioria.

Um tremendo rugido rasgou minha distração. Com a face enrijecida de pavor, por pouco não sucumbi à luta. Vi-a nos olhos. O hálito quente de suas narinas espraiou-se sob meu peito. O espaço não é bastante para nós, sobretudo, para mim, que estou sufocando a cada dia. A sobrevivência me impede de viver plenamente. E minhas virtudes, as armas em punho, estão frágeis. Precisam fundir-se no fogo.

Tudo de que necessito está aqui nesse espaço: o fogo, as armas, os amigos e a fera... que tem necessidade apenas de mim, que sou homem. No fundo, ela sabe que, sem me manter vivo, a morte ceifará a sua existência tão logo, expirar a minha própria vida.