quinta-feira, 19 de abril de 2012

Homenagem a Oswald

A escrava pegou sua filhinha nascida 
Nas costas
E se atirou no Paraíba
Para que a criança não fosse judiada.
(Oswald de Andrade)


A escrava fugida de sua senzala, exausta do trabalho forçado e da escassa comida servida que mais se assemelhava a ração animal, recolhe apressada a negrinha, sua filha, que sem culpa veio ao mundo como vítima da libertinagem do engenho.
E a pequena jogada às costas da mãe, marcadas pelos beijos do açoite de seu amo. Envolta a uma veste rústica, um trapo amarrado carrega a criança mata adentro. Desaparece nas trevas do Paraíba.
Não fosse ela nascida. Pobre criança! A vida seria feliz.
Não conheceria o exílio. Ou a fadiga do trabalho escravo. Nem o assalto da liberdade.
Fosse ela nascida no ventre de sua mãe África.


* produção de uma narrativa que escrevi a partir do poema de Oswald de Andrade na aula de português.