sábado, 19 de maio de 2018

Palco

Que o silêncio sobre a minha lembrança não se dilua em ausências derramadas, 
seja apenas preservada como a única saudade de um coração amigo. 
E o tempo, inexistente, nos seja a testemunha muda da minha paixão ferida, 
e da minha superação. 
Que o outro altar da nossa redenção continue a escancarar a sublimidade  
do sentimento humano 
e por detrás da coxia nos revele a divindade qual arte que não carece explicação. 
Que eu te ame, mesmo sem dizê-lo,  
e meus olhos te sorriem todas as vezes que encontrarem a ti. 
Que o desejo que consumira a minha carne 
possa ser comparada ao palco que tem apagada as suas luzes 
e apagando consigo a materialidade do espectador, fundi-a  
à ilusão de uma nova realidade 
dando lugar a novos mundos possíveis 
como um último beijo entre dois amantes antes do impensável fim.