quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Breviário

Meu Deus,  
que o desassossego da minha carne não me deixe passar despercebido a sensibilidade de uma aurora. Que os meus olhos cansados das noites insones encontre um olhar que me acalente, daqueles que sem dizer nada, devolve-me a paz de uma manhã tranquila. Que meus lábios, ressequidos, possam alimentar-se de sonhos e utopias, e alimentar de beijos outras bocas com fome. E meu coração, Deus, deixa ocultado. Mas vem de mansinho ocupá-lo como num leito macio,  
tem o cheirinho entranhado dos meus medos. Na noite tardia, reclina tua face em meu peito, sussurra sopros de vida e me faz adormecer.