Meu Deus,
que o desassossego da minha carne não me deixe passar despercebido a sensibilidade de uma aurora. Que os meus olhos cansados das noites insones encontre um olhar que me acalente, daqueles que sem dizer nada, devolve-me a paz de uma manhã tranquila. Que meus lábios, ressequidos, possam alimentar-se de sonhos e utopias, e alimentar de beijos outras bocas com fome. E meu coração, Deus, deixa ocultado. Mas vem de mansinho ocupá-lo como num leito macio,
tem o cheirinho entranhado dos meus medos. Na noite tardia, reclina tua face em meu peito, sussurra sopros de vida e me faz adormecer.