Agora vou descrever uma 'carta' de uma antiga personalidade coroaciense, Sr. Gentil Ferreira, ao se aproximar seus últimos instantes de vida.
"As minhas últimas palavras"
Agradeço a todos aqueles que num gesto nobre de caridade, me trouxeram até aqui. Quem vos fala neste momento extremo de uma existência, não sou eu, mas sim, o meu espírito ou a minha alma. O corpo inerte e gélido que aí está à beira de sua última morada, onde dentro de pouco deverá baixar para ser devorado pelos vermes, já não mais receberá o calor deste sol que tanto me aqueceu na minha mocidade, que tanto me confortou na minha velhice. Os meus olhos não mais verão este pedacinho de céu que me protegeu e acobertou durante quase toda a minha existência; já não verão os matizes destas lindas florestas, os relevos destas belas colinas que molduram esta minha terra, que é Coroaci.
Foi neste palco maravilhoso que nasceram os meus primeiros sonhos, as minhas primeiras esperanças. Foi nela que nasceram todos os meus filhos. Foi nela que vivi as ilusões da mocidade e que a velhice as transformou em belas lições de realidade. Tudo que deixo, devo-te a ti, ó minha Coroaci querida.
À minha companheira, metade do meu coração, mãe de meus filhos, testemunha das minhas dores e com ela solidária, se pudesse ressuscitar agora, de público, beijar-lhe-ia os pés num gesto de gratidão. Aos meus filhos, envolveria num abraço eloquente de amor e carinho. Aos meus amigos, deixaria uma palavra de reconhecimento e gratidão. Adeus povo de Coroaci. Adeus ó minha Coroaci querida. Adeus para sempre!...
Gentil Ferreira de Oliveira
†24 de novembro 1966