domingo, 10 de maio de 2015

Doce de leite

Nas manhãs de domingo, depois de irmos à igreja, nós, crianças, achegávamos à janela grande de madeira do antigo casarão amarelo e, como eu era o mais velho entre os guris, pendurava-me no peitoril e chamava por Madalena: “ô dona Madalena, me dá doce”! Os ecos infantis atravessavam a sala de visitas, cheia de mobílias rústicas de jacarandá.
Aos instantes de expectativa, nossas bocas salivavam diante da figura franzina e sorridente, de estatura baixa e lenço amarrado à cabeça; ela trazia nas mãos fartas bolotas de doce de leite. Aproximava-se da grande janela e distribuía a cada um o seu quinhão. Era uma infância deliciosa!