segunda-feira, 9 de abril de 2018

Floração

A delicada beleza da floração teria apreciado
mas não pôde uma última vez sentir os ventos que traziam primavera
morreu por si próprio imolado,
sem certezas, apenas repleto da contemplação das estrelas.
À semelhança do pintor, eu cantaria
não me interessa teorias.
Minha alucinação, meu delírio é o mesmo tocado no rádio
suportar o dia a dia e viver a experiência de coisas reais.
Por entre magnificat e ave-marias, castração
salpica o sangue na navalha
e quanto aquela velha roupagem do passado
essa, deveras, não nos serve mais.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Por isso rio

Eu rio de mim
como nascente de emoções aventuradas
a afluir límpida sob um sorriso audacioso.
Rio assim,
deixado à deriva pelas correntes de ar do hálito quente
que de minha boca sopra numa noite densa e solitária
os versos sacanas de qualquer rebeldia juvenil.
Eu rio,
me comprazo, vou ao encontro do mar
que mar não sei.
Sorrio, caudal de águas lacrimantes
em várzeas cultivadas de paixão.
Por isso rio, vou ao encontro do mar.
Mãe d’água sereia me chama
nas funduras meu riso deitar.