O poente estava perfeito. Nos dizeres de um poeta: "bonito e trágico como tudo que é verdadeiro".
Tinha ele razão. Era tamanha a boniteza daquele instante, e tão trágico o entardecer, que durara muito pouco, mas se estendeu o bastante para banhar os corpos na areia de algo sagrado que eu não saberia dizer. Talvez encontremos algum sentido nas grandes narrativas das religiões, ou talvez não; mas naquela tarde, naquele pôr de sol dourado, naquele ínfimo instante, nada, absolutamente nada, necessitasse de um sentido nem de eternidade, bastar-me-ia estar na areia úmida, ébrio da luz plácida e crepuscular que me convidava contemplar a finitude.
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